sábado, 6 de outubro de 2012

CURRÍCULO: OCULTO, PRESCRITO E REAL




INTRODUÇÃO

Varias escolas brasileiras têm elaborado formas de organização do ensino que privilegiam conhecimentos da pedagógica contemporânea para oportunizar a todos o acesso ao conhecimento.
Neste sentido o currículo escolar, é um dos locais privilegiados onde se entrecruzam saber e poder, representação e domínio, discurso e regulação. É também no currículo quê se condensam relações de poder que são cruciais para o processo de formação de subjetividades sociais. Em suma, currículo, poder e identidades sociais estão mutuamente implicados. O currículo corporifica relações sociais (SILVA, 1996) 

DESENVOLVIMENTO

A educação atual passa por inúmeros entraves. Vários aspectos são pensados e analisados em prol da qualidade de ensino, porém o que se identifica como elemento chave nesta complexidade são as características curriculares e o seu funcionamento.
O currículo é um instrumento de função socializador, um elemento imprescindível à prática pedagógica, pois ele está estritamente ligado às variações dos conteúdos, a sociedade a profissionalização dos docentes.
A escola, não é apenas um espaço social emancipatório ou libertador, mas também é um cenário de socialização da mudança. Sendo um ambiente social, tem um duplo currículo, o explicito e o formal, o oculto e informal. A prática do currículo é geralmente acentuada na vida dos alunos estando associada às mensagens de natureza afetiva e às atitudes e valores. O Currículo educativo representa a composição dos conhecimentos e valores que caracterizam um processo social. Ele é proposto pelo trabalho pedagógico nas escolas.
Sendo assim, os níveis de currículo são:
O currículo prescrito ou formal que é aquele entendido como o conjunto de prescrições oriundas das diretrizes curriculares, produzidas tanto no âmbito nacional quanto nas secretarias e na própria escola e indicado nos documentos oficiais, nas propostas pedagógicas e nos regimentos escolares.
O currículo real que é a transposição pragmática do currículo formal, é a interpretação que professores e alunos constroem, conjuntamente, no exercício cotidiano de enfrentamento das dificuldades, sejam conceituais, materiais, de relação entre professor e alunos e entre os alunos. São as sínteses construídas por professores e alunos, a partir dos elementos do currículo formal e das experiências pessoais de cada um.
Conforme Moreira e Silva (1997, p. 28), “o currículo é um terreno de produção e de política cultural, no qual os materiais existentes funcionam como matéria-prima de criação e recriação e, sobretudo, de contestação de transgressões.”
Portanto o currículo escolar oculto tem a ação direta e indireta na formação do individuo e é aquele que escapa das prescrições, sejam elas originárias do currículo prescrito ou do real. Diz respeito àquelas aprendizagens que fogem ao controle da própria escola e do professor e passam quase despercebidas, mas que têm uma força formadora muito intensa. São as relações de poder entre grupos diferenciados dentro da escola que produzem aceitação ou rejeição de certos comportamentos, em prejuízo de outros, são os comportamentos de discriminação dissimulada das diferenças e, até mesmo, a existência de uma profecia auto-realizadora dos professores que classifica, de antemão, certos alunos como bons e outros como maus. O currículo oculto também vai se manifestar, entre outras formas, na maneira como os funcionários tratam os alunos e seus pais, no modo de organização das salas de aula, no tipo de cartaz pendurado nas paredes, nas condições de higiene e conservação dos sanitários, no próprio espaço físico da escola.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Currículo escolar e formas de organização do ensino. Ao pensarmos o currículo escolar, devemos atentar que nem tudo o que a escola diz ensinar, a aluna ou o aluno assumem como aprendidos e, ainda, que nem tudo o que alunas e alunos dizem ter aprendido na escola, a escola assume como resultado de seu ensino.
De fato, nas escolas, muitas coisas são ensinadas sem necessariamente serem anunciadas e muitas coisas são aprendidas sem que constem dos currículos escolares.
Portanto não se constrói currículos entre os muros das escolas, sua formação vem de todo contexto social, cultural e real dos envolvidos. Não se pode pensar em currículo se não avaliarmos sua sustentabilidade teórica e execução.

REFERÊNCIAS

MOREIRA, A. F.; SILVA, T. T. da. (Org.). Currículo, cultura e sociedade. 2. ed. São Paulo:Cortez, 1997.
RULE, I. Curriculum, Tese de doutorado New York University, 1973.
SILVA, T. T. da. Identidades Terminais: as transformações na política da pedagogia e na pedagogia da política. Petrópolis: Vozes, 1996.

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